segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Olhos amantes

Olhos amantes
(Maurício Nascimento)

Bati receoso à porta
A espera de um olhar calmo e sincero.
Sabia que ali poderia deixar meu barco,
Derramar meus prantos,
Tirar a máscara sem medo.
Eu sabia, bem no fundo,
Que aquele olhar calmo e sincero me daria abrigo
E diria ao receber-me em seus braços:
Nem tudo está perdido.
Mas não foi como eu sabia,
Queria... Ao menos esperava!
Não foi nada parecido com isto.
Parei o barco, bati à porta e esperei...
Minutos depois aquele olhar sincero me veio assustado:
- Oi... Você aqui? Está tudo bem?
E então, sem que eu dissesse uma única palavra
Meu rio de prantos derramou-se
Sem mesmo perguntar se seria bem vindo.
Foi quando outros olhos me vieram surpresos:
- O que houve?
Os sinceros olhos que eu tanto amava não estavam sós...
E me olhavam com desprezo, com receio de demonstrar afeição.
Nem se quer convidara-me a repousar em seus braços, a ouvir seus conselhos.
Só queria saber dos novos olhos que o acompanhavam pelas noites por trás daquela porta.
Mas como podiam meus olhos amantes entregar-se assim a um par de olhos estranhos?
Não posso compreender até hoje, não consigo aceitar,
Mas meus olhos amantes aviam apenas cansado de me esperar.

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